O Motorola Razr i merece respeito. Durante este review pudemos conhecer um Android peculiar, com características até então inéditas no mercado, capazes até de quebrar alguns velhos tabus dos irmãos de sistema operacional.
Para começar, podemos falar logo da característica responsável pela maior quebra de paradigmas: este é o primeiro smartphone "Powered by Intel". Seu coração, um Intel Atom de 2 GHz, provém da mesma família de processadores x86 de baixo consumo energético que um dia já equipou notebooks da série Dell Inspiron Mini e Lenovo IdeaPad. Agora, no entanto, é a vez da Motorola usá-la parar suprir toda a potência necessária neste incrível dispositivo. Veja:
Motorola Razr i, o primeiro Android com processador Intel (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Manuseio e design
O slogan "smartphone tela cheia" não existe à toa: suas bordas, praticamente ausentes nas laterais, expandem a luminosidade da tela de 4,3 polegadas por quase toda sua extensão. Na extremidade superior, o compacto espaçamento sem display - onde se escondem o sensor de luminosidade, o altofalante (sob a marca da fabricante) e a câmera de videochamadas - também merece atenção.
Talvez o único detalhe que ressalte ou destoe, na frente, seja a parte inferior, onde há muito espaço sem tela. Ainda assim, mesmo que a tela ainda não ocupe toda a extensão frontal, a impressão que se tem com o manuseio é extremamente positiva, e todos os outros telefones com dimensões semelhantes parecem carecer de requinte e de bom gosto perto do Razr i.
Motorola Razr i é muito confortável de se operar com uma mão (Foto: Allan Melo / TechTudo)
O corpo unibody, em alumínio, com bordas arredondadas garante uma ótima pegada, confortável. Suas extremidades curvas criam um desenho apropriado para as mãos, e não há distorções pouco ergonômicas como o Razr original fez. Atrás, o acabamento em Kevlar, já tradicional desta linha, apenas confirma a impressão de boa resistência e segurança de seu acabamento geral.
Assim como a tela, o restante do desenho deste smartphone merece destaques, apesar de seus detalhes estranhamente inapropriados.
Detalhes do Motorola Razr i: entradas para SIM e cartões microSD, Micro USB, o botão da câmera, de travamento (embaixo) e de controle de volume (Foto: Allan Melo / TechTudo)
O posicionamento dos botões, no entanto, é estranho: à direita, em cima, a Motorola decidiu colocar o botão de desbloqueio de tela. Ela é levemente elevada da borda e, pela posição, fácil de ser clicada acidentalmente com o dedo indicador esquerdo, quando o telefone for manuseado horizontalmente para uma foto, por exemplo.
Já o acionamento da câmera, que deveria ser elevado, oferece o contrário ao seu utilizador: graças a um pequeno declive depois do botão, é difícil tatear a tecla para tirar fotos rapidamente. Mas a Motorola parece ter entendido o recado antes de lançá-lo e resolveu aumentar a sensibilidade do botão. Isso, por um lado, não torna lá tão difícil "chutar" um pressionamento do botão às pressas, para tirar uma foto. Por outro, a sensibilidade extra acionou a câmera no bolso em diversas ocasiões, nas quais era surpreendido com a luz do flash brilhando em meu bolso ao puxar o smartphone para o uso.
O botão de volume no lado direito e a entrada microUSB, à esquerda, desempenham bem suas tarefas e estão bem posicionadas. Já a tampa plástica usada para esconder a entrada do cartão microUSB e do SIM card é, no mínimo, exagerada.
Mais detalhes do Motorola Razr i, em sentido horário: alto falante escondido sob o logo; microfone no canto inferior; o "discreto" botão de acionamento da câmera; e o botão de travamento, propenso a toques acidentais (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Nenhum desses pontos, no entanto, representa algum grande problema. Dado o tamanho e o aproveitamento da tela, percebe-se que a Motorola conseguiu, sem fazer grandes mudanças de estilo como a linha Lumia, fazer um trabalho tão merecedor de atenção quanto a Nokia.
Ótimo desempenho
Apenas uma coisa explica a quebra de tantos tabus do Android em um só aparelho: o novo processador Atom. A Intel e a Motorola fizeram um ótimo trabalho para manter o smartphone com fluidez, sem engasgos no multitarefa, com estabilidade dos apps e, acima de tudo, durabilidade da bateria.
Um dos tabus que ele quebra é o entendimento de que o Android 4.0 só é bom em smartphone com mais de um "core". Trabalhando em inéditos 2 Ghz (nos processadores ARM, só se vê esse valor em celulares modificados, em overclock), o aparelho resistiu a todas as tarefas a que foi imposto sem engasgos. A operação em mais de um aplicativo simultaneamente se mostrou até mais rápida e estável que em alguns smarts dual-core do mercado.
Traseira do Motorola Razr i, coberto com Kevlar (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Sob estresse contínuo, é notável também a quebra do segundo tabu: o superaquecimento do processador. Longe disso, poucas foram as vezes em que o Razr i ficou morno. E assim, provando-se capaz de suportar grandes enxurradas de processamento sem esquentar e gerenciado bem com um baixo consumo energético, outro importantíssimo tabu foi quebrado: a sua bateria.
Durabilidade inédita no Android
Equipado de fábrica com uma bateria de 2.000 mAh, esta característica pode ser, de longe, o quesito mais surpreendente deste smartphone. Durante todo o teste o Razr i nunca descarregou por completo antes de voltar à cama. Em seu pior dia, resistiu a 18 horas sem descanso, sob uso continuo e intenso durante uma viagem. E detalhe: ao reencontrar a tomada, ainda não havia descarregado por completo. Em outro momento, durante a produção desta matéria, ele registrou 35% de bateria já há 13 horas longe do carregador.
Modificações bem-vindas no sistema
Apesar de a Motorola ter sido comprada pelo Google, seus aparelhos ainda não virão com a interface pura do Android, como a linha Nexus. Mas, ao contrário da antiga interface Motoblur, as modificações impostas nesta versão 4.0 do sistema foram muito bem-vindas.
O primeiro exemplo que se pode ter é o widget da tela inicial, que costumeiramente é o primeiro item a ser retirado nos telefones de outras fabricantes. Em três círculos, a Motorola pôs um relógio que também exibe notificações, como mensagens e ligações perdidas; o clima da sua região, detectável por GPS ou pelo cadastro manual de cidades; e um pequeno menu indicador de bateria.
Apesar de modificado, o Android do Razr i traz funcionalidades interessantes e merecem destaque (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Ainda na tela inicial, ao arrastar a página à esquerda, em vez de ter mais locais para colocar apps e widgets você verá todo um menu de operações para ligar e desligar recursos do smartphone, como Wi-Fi, GPS, 3G e NFC. Já ao lado direito da tela inicial, abre-se um menu de opções para adicionar mais páginas. A solução, para nós, tem nexo: em vez de ter várias páginas livres para espalhar apps, você é capaz de organizá-las à gosto.
No menu, o design continua o mesmo do Android original, com abas de aplicativos e widgets em navegação continua. Nos menus, pouca personalização. Apenas o necessário para manter algum estilo próprio.
Já entre os aplicativos pré-instalados, dois merecem destaque. Um deles é o Editor de Filmes, nativo e completo, capaz de fazer recortes, juntar vídeos, colocar legendas, fazer transições, e tudo isso sem demorar na renderização final. Esse tipo de aplicação faz muita falta no Google Play, já que nenhuma solução disponível se mostrou completa ou, no mínimo, prática, com boa usabilidade e estabilidade.
Já o segundo app é o SmartAction, um automatizador de ações. Volta e meia o app sugere novos estados de automação, com gatilhos para desligar funções e abrir aplicativos mediante diversas condições, incluindo a de localização. Para exemplificar, é possível fazê-lo ligar o Wi-Fi, desligar o pacote de dados e colocar o volume de toque ao entrar em casa, rastreado por sua localização pelo GPS. (Apenas para consideração, há apps no Android que já fazem isso, como o Tasker, mas nenhum se mostrou tão simples como este, ainda)
SmartActions no Motorola Razr i: app automatiza o funcionamento do smartphone (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Ainda assim, não é "top de linha"
Apesar de tantos detalhes positivos, ainda que o Motorola Razr i tenha um ótimo desempenho, não é possível categorizá-lo como um modelo top de linha. A qualidade geral da tela, por exemplo, não é nada espetacular.
Reflexíva sobre o sol, em parte por culpa do pouco brilho que emite, a tela de 4,3 polegadas de Razr i tem resolução de 960 x 540 e até é capaz de oferecer boas imagens, nítidas e com qualidade. Ainda que satisfatória, no entanto, ela não chega nem perto do contraste, nitidez e resolução atualmente oferecidos em um iPhone 5 ou em um Xperia S.
Outro detalhe é que, ainda que tenha NFC, este aparelho carece de uma saída HDMI, mesmo que associada ao USB como a linha Galaxy SX, da Samsung.
Motorola Razr i ao lado do Galaxy S3: compacto (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Na parte de áudio, nada a desmerecer sobre a qualidade sonora aos fones de ouvido. Já a reprodução no alto falante externo é mediano e poderia ser mais alta e clara. E não é só no áudio que se vê essa indiferença de notabilidade.
Câmera fraca, comparado a concorrência
A câmera de 8 megapixels do Razr i mostra que, neste quesito, a Motorola dificilmente evoluirá. Diante de concorrentes tão fortes e que se aplicam tanto nesta característica, com lentes profissionais e sensores de câmeras compactas e semi profissionais, este smartphone Android se sai como uma figura apenas "satisfatória".
Fotos tiradas com o Motorola Razr i: sem HDR (primeira) e com HDR (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Salva de críticas pela rapidez em que é acionada e por sua boa capacidade de mudar de ponto focal durante as filmagens, as fotos "até que são boas", com cores nem sempre tão precisas. A funcionalidade HDR é um charme, mas não faz milagre em seu fraco sensor. Se servir de consolo, isso sempre foi um quesito fraco nos smartphones da marca, desde a época do primeiro Milestone.
Fotos tiradas com o Motorola Razr i: ruído em ambientes internos, foco impreciso em fotos noturnas (Foto: Allan Melo / TechTudo)
Na caixa, o básico
Sem muita enrolação, a pequena caixa vem apenas com um par de fones de ouvido, um conversor de tomada para USB, o cabo para conectá-lo ao microUSB e o próprio smartphone.
Especificações
Sistema operacional | Android 4.0 (já prometido upgrade para o 4.1) |
Tela | 4,3 polegadas Super AMOLED Advanced qHD |
Resolução | 960 x 540 |
Câmera | 8 MP; 0, |
Capacidade | 8 GB interno, sendo apenas 5 GB disponível + expansão via cartão microSD (até 32 GB) |
Processador | Intel Atom 2.0 GHz |
Conectividades | 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 2.1, NFC |
Entradas | Micro SD, micro USB e fone de ouvido |
Bateria | 2.000 mAh |
Tamanho | 60,9 x 122,5 x 8,3 mm |
Peso | 126 gramas |
Sensores | Proximidade, ambiente, compasso, temperatura da bateria e acelerômetro |
Acessórios | Fone de ouvido, cabo USB, carregador |
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